Vários deputados da Assembleia Legislativa pediramontem, na sessão plenária, mais atenção e resolução relativamente ao problema de desemprego dos trabalhadores locais. O deputado Ron Lam acredita que o Governo deve tomar a iniciativa e regular a contratação dos residentes nos serviços públicos empreitados como uma prioridade, enquanto José Pereira Coutinho pediu para que se libertem mais vagas dos trabalhadores não-residentes para aliviar a pressão económica e psicológica dos cidadãos.
O acesso ao emprego dos residentes esteve ontem novamente em foco na Assembleia Legislativa, com vários deputados a manifestaram-se atentos ao impacto económico colocado no mercado de trabalho, considerando que o Governo deve empenhar-se emconcretizar o compromisso de dar prioridade à contratação de residentes, criando mais postos de emprego e aliviando os seus problemas financeiros.
Para o deputado Ron Lam, é necessário que o Governo da RAEM seja um exemplo para contratar, comoprioridade, trabalhadores locais, assegurando que “os fornecedores de serviços terceirizados contratem locais com salários razoáveis”, bem como divulgar, activamente, os números de empregados residentes e não residentes(TNR) nos serviços, de modo a que se possam libertar mais postos de trabalho para os locais.
“Na realidade, para além das concessionárias do jogo e das grandes empresas, os adjudicatários de serviços públicos também contratam um grande número de trabalhadores não residentes. Nos contratos de adjudicação de serviços, na cláusula sobre a ‘prioridade de contratação de trabalhadores locais’ não é definida expressamente a respectiva proporção e, muitas vezes, as empresas utilizam os salários para não residentes no concurso a projectos e serviços”, frisou, lamentando que a proporção de TNR nos serviços adjudicados pelo Governo seja muito elevada.
Já o deputado José Pereira Coutinho destacou que o problema de desemprego e a consequente impossibilidade de pagamentos das amortizações e rendas das casas já levou os cidadãos a ficarem com ansiedade e problemas psicológicos. O legislador queixou-se que há actualmente cerca de 54 mil TNR a exercer trabalhos não especializados, mas ainda há desemprego dos jovens e depessoas de meia idade locais. “Porque não são libertadas estas vagas para poderem ser ocupadas pelos residentes permanentes?”, questionou.
A deputada Lo Choi In defendeu que as autoridades podem concentrar-se primeiro na retoma do turismo, com o relaxamento das restrições de prevenção epidémica, de forma que se criem mais postos de trabalho, particularmente para os jovens.
Quanto ao deputado Ngan Iek Hang, referiu que a optimização da política de conjugação de emprego e de formação, conforme a necessidade das empresas com vagas, poderá ser uma medida eficaz para resolver, a longo prazo, a alta taxa de desemprego dos locais.
Ainda sobre o mesmo assunto, o deputado José Chui Sai Peng, pelo contrário, apontou que o Governo deve analisar, cautelosamente, a política e a situação de recursos humanos no mercado local, para recorrer de forma adequada aos trabalhadores não residentes. Chui Sai Peng notou algumas mudanças na procura de competências e perfis profissionais no mercado de trabalho e, apesar de haver recentemente umdespedimento gradual de TNR, verifica-se uma situação na qual “há quem não tenha trabalho, e há postos de trabalho sem ninguém”. Segundo o deputado, os postos libertados, cuja maioria é de empregos manuais, parecem não corresponder aos cargos pretendidos pelos residentesdesempregados, que preferem trabalhos administrativos.
Apontando que se deve respeitar as escolhas de profissão dos locais, o deputado espera que seja permitido que “os TNR ocupem, como complemento e em bom rigor, as vagas de emprego que os residentes de Macau não querem ou não conseguem assumir”, evitando que “a qualidade dos serviços das empresas, devido à falta de mão-de-obra, fique aquém das expectativas dos clientes locais e dos turistas, acabando por se perderem clientes e dinheiro”, frisou.
Substituição de equipamentos informáticos de “países hostis” para evitar fuga de dados
O deputado Joe Wu sublinhou ontem na Assembleia Legislativa a importância da protecção da segurança cibernética como uma componente crucial para a salvaguarda da segurança nacional, propondo que o Governo substitua os equipamentos de rede e sistemas informáticos “de países hostis”, de forma a evitar eventuais dificuldades na renovação dos equipamentos durante embargos e prevenir fuga de dados.
Durante a sessão plenária, o deputado nomeado alertou que, “nos últimos anos, o país tem sido cercado e alvo de hostilidade por algumas forças estrangeiras que dizem sempre que é necessário aplicar sanções e embargos, por isso, o Governo deve ter consciência da segurança ao comprar equipamentos de rede e sistemas informáticos, não podendo continuar dependente de equipamentos e sistemas estrangeiros”.
Além de destacar que Macau deve ter um sistema de rede competente para a protecção contra ataques cibernéticos por hackers ou furto de dados, Joe Wu solicitou o Executivo para dar atenção à segurança da compatibilidade e ligação da sua rede com a do interior da China, reforçando a fiscalização junto das operadoras de telecomunicações, bem como efectuando oportunamente testes em relação à segurança dos sistemas informáticos.
PONTO FINAL