As afirmações saíram da boca da directora de inteligência dos Estados Unidos da América, Avril Haines. A responsável considera que o Kremlin não dará trégua enquanto não dominar totalmente o Donbass e estabelecer uma ponte terrestre com a República Moldávia Peridniestriana – mais conhecida como Transnístria –, um enclave separatista na Moldávia, onde a Rússia mantém soldados desde a década de 1990, aquando da desintegração da União Soviética.
Depois das celebrações do Dia da Vitória, em Moscovo, na passada segunda-feira, a directora da inteligência dos Estados Unidos da América, Avril Haines, afirmou, esta terça-feira, que o presidente russo, Vladimir Putin, não tem a intenção de acabar com a guerra da Ucrânia tão cedo, muito pelo contrário. A ideia passará mesmo, defende, “vencer no Donbass”, no leste do país, e “estabelecer uma ponte terrestre com a Transnístria, um enclave separatista na Moldávia”.
Para Haines, Putin espera uma redução do apoio do Ocidente à Ucrânia, preparando-se, de facto, para um conflito de longa duração. “Provavelmente deve impor uma lei marcial na Rússia. As tropas do Kremlin não poderão chegar à Transnístria e incluir Odessa sem decretar uma forma de mobilização geral”, referiu num discurso ao Congresso norte-americano.
O problema no meio disto tudo, notou a directora de inteligência norte-americana, é que “as ambições de Putin excedem as capacidades militares russas e isso provavelmente pode significar que nos próximos meses teremos uma trajectória mais imprevisível e a caminho de uma potencial escalada” do conflito.
De igual modo, considera Avril Haines, o líder russo deve estar a “contar com um enfraquecimento da determinação dos Estados Unidos da América e da União Europeia, quando a escassez de bens alimentares e o aumento dos preços da energia se agravarem”, referiu.
Ainda assim, os EUA continuam a acreditar que Putin só autorizará o uso de armas nucleares “se perceber uma ameaça existencial para o Estado ou o regime russo”, acrescentou Haines.
Na mesma sessão no Capitólio, o responsável máximo pela Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla inglesa) referiu que, neste momento, “o conflito está num impasse”. “Os russos não estão a vencer e os ucranianos não estão a vencer”, admitiu o tenente-general Scott Berrier, acrescentando que durante o conflito já morreram entre oito a 10 generais russos
Britânicos consideram que Putin menosprezou poder ucraniano
Os serviços secretos britânicos também emitiram considerações sobre o conflito na Ucrânia por estes dias. De acordo com um boletim divulgado esta terça-feira, o Reino Unido acredita que é muito provável que o plano da Rússia para invadir a Ucrânia “se tenha baseado na suposição de que encontraria resistência limitada e seria capaz de cercar e conquistar rapidamente os centros populacionais importantes”.
Esse “menosprezo” por parte do Kremlin causou falhas operacionais importantes das forças russas, o que tem vindo a adiar a intenção de Putin declarar que o país obteve sucesso nas suas intenções.
O Ministério da Defesa de terras de Sua Majestade referiu ainda que, equivocadas, as forças armadas russas tentaram iniciar o conflito de forma “leve e precisa”, com o objectivo de alcançar “uma vitória rápida e com custos financeiros e humanos mínimos”. O erro de cálculo do Kremlin já levou a grande destruição na Ucrânia com perdas avultadas, tanto humanas como materiais, e à debandada de mais de mais de cinco milhões de pessoas para fora do país e de cerca de oito milhões dentro do país, revelam dados da Organização das Nações Unidas.
PONTO FINAL