O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, afirmou ontem que o desenvolvimento da China constitui uma “boa oportunidade” para a União Europeia (UE), e não um “desafio ou uma ameaça”, segundo a imprensa estatal. As palavras de Wang surgem nas vésperas de a China e a UE realizarem uma cimeira, visando reduzir as tensões entre as duas partes e no contexto do conflito na Ucrânia.
Wang, citado pelo jornal oficial Global Times, disse que, embora existam diferenças na relação bilateral, a cooperação entre a China e a UE é “mais relevante do que a concorrência”. O ministro espera que a cooperação seja ampliada em várias áreas, incluindo a ratificação e entrada em vigor do Acordo de Investimento, assinado em dezembro de 2020, mas que não foi ratificado pelo Parlamento Europeu, devido a sanções retaliatórias impostas por Pequim contra instituições e parlamentares europeus.
O investigador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Económica Yan Shiqiang, citando também pelo Global Times, considerou que a cimeira é “uma importante oportunidade para quebrar o gelo”, relativamente ao Acordo de Investimento, e que servirá para reduzir as tensões entre ambas as partes.
A nomeação pode servir para “ratificar” o Acordo, embora “dada a complexa situação que o mundo atravessa neste momento”, este processo poderá ser “afectado por obstáculos e incertezas”, acrescentou.
A China é o principal parceiro comercial da UE, que por sua vez é o segundo maior parceiro comercial do país asiático. O comércio atingiu um valor recorde de 800.000 milhões de dólares, em 2021. A cimeira de Abril também vai ficar marcada por uma nova disputa sobre o bloqueio chinês às importações oriundas da Lituânia, que motivou uma queixa da UE à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Bruxelas considera que Pequim está a aplicar medidas coercivas, que também afetam outros países do bloco, que exportam produtos que incluem componentes fabricados na Lituânia. A disputa começou como resultado da decisão da Lituânia de permitir a abertura no país de um escritório de representação de Taiwan, território sobre o qual a China reivindica soberania. Pequim rejeita o uso do nome Taiwan nestes escritórios e exige que seja antes usada a designação “Taipé – China”. Nas últimas semanas, as alfândegas chinesas suspenderam os pedidos de importação de produtos oriundos do país báltico, incluindo carne bovina e madeira.