A presidente do Partido Trabalhista (PT) timorense, Ângela Freitas, foi ontem a primeira pessoa a formalizar a candidatura às eleições presidenciais de 19 de Março junto do Tribunal de Recurso.
“Nós temos 12 mil assinaturas, mas hoje apresentamos 5.179, de todo o país”, disse à Lusa depois de entregar a documentação no Tribunal de Recurso. “Vamos esperar a verificação e comprovação do Tribunal e depois podemos avançar para a campanha. Tenciono visitar todos os municípios”, referiu Freitas, que se apresenta pela segunda vez às eleições presidenciais.
Na conferência de imprensa em que anunciou a candidatura, na semana passada, Freitas disse que se apresenta a favor de uma revisão da constituição e criticando a ação do atual chefe de Estado. “Estou pronta a candidatar-me a Presidente da República para o período 2022 a 2027”, disse.
Na sua primeira candidatura, há cinco anos, obteve apenas 4.353 votos ou 0,84% dos votos válidos, referindo que se recandidata como uma “nova voz” e “um novo rosto” na liderança. “Como dirigente político da nova geração, tenho responsabilidade moral de competir na festa da democracia, que se realiza a 19 de março de 2022”, afirmou. “O motivo pelo qual me encorajaram a candidatar-me tem a ver com os efeitos do impasse político desde 2017 até agora e as violações da constituição de Timor-Leste”, afirmou, acusando o atual Presidente, Francisco Guterres Lú-Olo, de responsabilidade pela crise e de “falta de sensibilidade” perante os problemas do povo.
Se for eleita, Ângela Freitas disse que vai “dissolver o Parlamento Nacional”, levar ao Tribunal “os autores da viabilização” do atual Governo, demitir o executivo e nomear Xanana Gusmão, “comandante-em-chefe das Falintil” (o braço armado da resistência timorense), como chefe de um Governo de Salvação Nacional. Quer ainda a “recomposição da mesa do parlamento” e “uma revisão obrigatória das leis para refletir a cultura” timorense, elementos que traçou numa longa exposição sobre a “visão e missão” do seu programa e plataforma de candidatura. As eleições de 19 de Março poderão ser as mais concorridas de sempre.
O extenso leque de candidatos, que têm que reunir 5.000 assinaturas para se poder candidatar, poderia tornar as eleições de 2022 as mais concorridas de sempre, batendo o recorde de 2012, em que houve 12 candidatos. A lei define que se podem apresentar apenas timorenses com cidadania originária e com pelo menos 35 anos.
O Tribunal de Recurso, com o apoio do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), analisa as candidaturas, verificando a regularidade do processo, autenticidade dos documentos e a elegibilidade dos candidatos, e, depois de eventuais situações sanadas, anuncia a lista final de candidatos. O período de registo de candidaturas decorre até 4 de Fevereiro e a campanha realiza-se entre 2 e 16 de Março. Lusa