À semelhança de anos anteriores, o evento pretende espalhar por todo o território motivos de interesse por forma a fomentar um maior intercâmbio artístico na comunidade. “O Vendedor de Bonecos de Arroz” é a proposta da equipa liderada pela marionetista Elisa Vilaça. Trata-se de uma instalação feita em bambu de três metros de altura e será instalada no Largo da Sé para relembrar a memória dos tempos sobre um velho artesão que fazia e vendia esculturas de massa de arroz.
Começou a 21.º edição do Festival Fringe da Cidade de Macau. A cerimónia de inauguração teve lugar na zona de lazer da Rua Oito do Bairro Iao Hon, na península de Macau, um bairro que o Instituto Cultural (IC), grande impulsionador do evento, pretende meter no mapa cultural. Subordinado ao tema “Quebra da Margem”, decorre até dia 23 de Janeiro.
“Este ano o Festival Fringe irá retirar a arte dos espaços convencionais, integrando-a na nossa vida quotidiana para que todos possam contactar de perto com a arte e a criatividade”, afirmou a presidente do IC, Mok Ian Ian, durante o seu curto discurso na cerimónia de abertura.
Em paralelo, a exposição participativa “Exposição de Arte para Todos” foi inaugurada no espaço adjacente ao Jardim da Cidade das Flores, na Taipa, “mostrando que todos podem ser artistas e divulgando a criatividade artística por toda a cidade”.
O público será convidado, este ano, a experienciar as facetas menos conhecidas da arte e fomentar um maior intercâmbio artístico na comunidade. O espectáculo “0AR (Zero AR)”, que marca a sua estreia asiática no Parque Central da Taipa, é uma experiência imersiva que, ao combinar dança de curta-metragem e tecnologia de realidade aumentada, permite ao público explorar e interagir por meio de dispositivos electrónicos.
Lembrar o antigamente
Em “O Vendedor de Bonecos de Arroz”, uma marionete de bambu de três metros de altura será instalada no Largo da Sé para relembrar a memória dos tempos sobre um velho artesão que fazia e vendia esculturas de massa de arroz numa rua lateral próxima da Avenida de Almeida Ribeiro. Em horários específicos, vários artistas estarão também presentes para actuar como esculturas de massa de arroz e interagir com o público.
Elisa Vilaça, coordenadora do espectáculo, falou ao PONTO FINAL sobre uma “figura muito querida das crianças”. “Participo com uma instalação. Criámos um pequeno grupo para fazermos este trabalho baseado nas profissões antigas de Macau, porque acho que é importante preservar, e resolvemos contruir em bambu um boneco articulado com três metros de altura que representa o vendedor dos bonecos de arroz que existia antigamente no Largo do Senado, uma figura muito típica, que as crianças adoravam”, explica.
Esta é a sexta vez que Elisa Vilaça participa no festival, mas será a primeira que participa de forma individual. “Tenho participado no Fringe. É a sexta vez, mas sempre integrado na Casa de Portugal. É a primeira vez que participo individualmente. A instalação é animada. Os bonecos que fazem parte dessa mesma instalação ganham vida e faz-se um pequeno espectáculo de 15 minutos de interacção com o público. Somos seis actores (três que fazem o movimento dos bonecos). Eu coordeno tecnicamente a equipa e a Aline Mendes, que está em Portugal, é a criadora do projecto”, remata a conhecida marionetista.
“Acolhe esse Miúdo” é a proposta do criador Kawo Cheang que irá apresentar, nas vivendas de Mong-Há, cinco exercícios artísticos, a partir dos quais se iniciará um diálogo com base nas suas obras, por forma a proporcionar uma reflexão sobre a importância tanto do resultado como do processo e levar o público ao seu mundo criativo.
Já em “Duelo de Dança de Miúdos”, 16 jovens bailarinos irão apresentar, no Largo de São Domingos, uma batalha de dança de rua, com a particularidade de incluir dança latina e dança chinesa. Todos os concorrentes irão dançar ao ritmo de uma música diferente de dança a que estão habituados, de modo a criar uma onda artística ímpar que aquecerá as ruas da pequena cidade.
Por fim, a instalação multimédia “Época de Descobertas” de Cindy Ng irá oferecer uma interpretação inovadora da arte com tinta, utilizando meios digitais para criar pinturas a tinta. A artista local combina dados meteorológicos de Macau em tempo real com arte a tinta, criando um ambiente virtual e realista na Calçada de São Francisco Xavier. Este espectáculo tem entrada livre.
Crème de la Fringe
Outras experiências artísticas inovadoras terão lugar no evento deste ano. O teatro de som do Edinburgh Fringe Showcase, “Regresso a Casa”, realizado na Antiga Residência do General Ye Ting, irá romper com os habituais limites da arte, para demonstrar o encanto do teatro através de um espectáculo participativo, onde o público tem a oportunidade de entrar em cena e de assumir diferentes papéis com a voz.
No âmbito da série “Crème de la Fringe: Todos Fest!”, promovido pela Associação de Arte Cultura Comuna de Pedra e com direcção de Jenny Mok, “Veias Dançantes” será protagonizado pelos idosos, que partilharão memórias de Macau juntamente com o público por meio da dança, a fim de apresentar outras possibilidades da capacidade de criação artística. Já “Corpo-específico!”, com base no método de ‘Danceability’ e elementos de dança simbiótica, irá permitir que o público desfrute de danças elaboradas com características físicas distintas.
Durante os próximos 12 dias, 20 programas e 15 actividades de extensão, “de cariz local e intrigante”, um total de mais de 159 espectáculos terão lugar em 29 locais distribuídos pelo território. Os bilhetes para o Festival Fringe encontram-se à venda na Bilheteira Online de Macau. As inscrições para as actividades de extensão podem ser feitas online em www.icm.gov.mo/eform/event.
PONTO FINAL