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      Restrições de viagem em Macau são injustas e causam impacto psicológico nos estrangeiros, alertam especialistas

      Especialistas disseram à Lusa que as restrições de viagem e das maiores quarentenas do mundo impostas em Macau são injustas para a comunidade estrangeira que reside no território e podem causar problemas de saúde mental.

      Os estrangeiros são “deixados para trás” em termos das políticas de viagem das autoridades de Macau, que “apenas protegem” os direitos dos chineses a regressarem e a atravessarem a fronteira para a China continental, afirmou à Lusa a socióloga e professora Associada da Universidade de Macau com Doutoramento em Antropologia/Sociologia do Desenvolvimento e Estudos Chineses, Melody Chia-Wen Lu.

      “Os estrangeiros não são tidos em conta”, criticou a socióloga com estudos especializados nos estrangeiros em Macau, acrescentando que “os expatriados também têm necessidades emocionais e têm direito a estar com os seus entes queridos”, uma vez que “também são residentes em Macau”.

      “É demasiado doloroso para eles não verem as suas famílias durante dois anos”, frisou, exemplificando com a comunidade portuguesa: “Isto levou a um maior sentimento de isolamento da comunidade portuguesa em Macau”. Na opinião de Melody Chia-Wen Lu, as restrições fronteiriças não têm “bases científicas” e são “injustas” para os estrangeiros.

      Já a presidente da Associação de Psicologia de Macau, Mei Chan Cheng, frisou à Lusa que as medidas impostas pelo Governo podem fazer com que os expatriados se sintam impotentes e impacientes face aos constrangimentos de deslocação aos países de origem.

      “Alguns expatriados podem sentir-se deprimidos, ansiosos porque não podem participar em assuntos familiares […] ou assistir a eventos familiares importantes, como casamentos e funerais, etc.”, sublinhou a presidente da Associação de Psicologia de Macau.

      Normalmente, por esta altura, era comum a comunidade portuguesa que reside em Macau regressar a Portugal por ocasião do Natal para passar as férias com as suas famílias. Contudo, pelo segundo Natal consecutivo, milhares de portugueses não o poderão fazer: Macau, que tem seguido a política de zero casos de Covid-19, impõe quarentenas de regresso que podem chegar a 35 dias dentro de um quarto de hotel e não permite sequer a entrada a quem teve Covid-19 nos últimos dois meses.

      Estas medidas dificultam ‘o êxodo natalício’, dadas as dificuldades em gerir dias de férias. A isto, há que somar o aumento do preço dos bilhetes e da duração das viagens.

      As autoridades locais têm dito que a política de casos zero vai manter-se até que se atinja uma alta taxa de vacinação em Macau. As autoridades do Governo Central justificam a política dizendo que preservam a vida humana, apesar dos custos para a economia. “existem apenas duas opções para a humanidade: eliminação total [do vírus] ou infecção generalizada”, lê-se num artigo publicado na agência estatal Xinhua, que acrescenta que “as vidas humanas são inestimáveis; o sofrimento, trsiteza e dor dos doentes e das suas famílias não podem ser medidos pelo ‘custo económico’”.

      A psicóloga Mei Chan Cheng considerou que quanto mais longo for o período de quarentena, mais provável será a ocorrência de emoções negativas. “Estudos psicológicos descobriram que, durante a quarentena, indivíduos isolados podem sentir medo, pavor e ansiedade devido à preocupação de estarem infectados ou de poderem infectar os seus familiares (…) Algumas pessoas podem ainda sentir-se deprimidas e entediadas porque o seu trabalho ou vidas estão suspensos”, sublinhou a presidente da Associação de Psicologia de Macau.

      Por outro lado, a socióloga elogiou o “trabalho de Deus” feito pelas autoridades de Macau no início da pandemia, que chegou a ser um caso de sucesso no mundo. Contudo, as mesmas medidas arrastaram-se ao “longo de dois anos sem qualquer melhoria”.

      Por estar fechada ao mundo, e por apenas ter registado 77 casos da doença desde o início da pandemia, existe medo da estigmatização e o perigo de as pessoas esconderem a doença para evitarem ser discriminadas, disse Mei Chan Cheng.

      A psicóloga afirmou que a população de Macau devia ser mais empática com as pessoas infectadas e aumentar os seus conhecimentos sobre a prevenção de epidemias, a fim de reduzir a estigmatização social.

      Ponto Finalhttps://pontofinal-macau.com
      Redacção do Ponto Final Macau