Um erro de Rui Patrício e um tento a acabar de Aleksandar Mitrovic custaram ontem a Portugal uma inédita derrota por 2-1 com a Sérvia e a queda para os ‘play-offs’ de apuramento para o Mundial2022 de futebol.
Depois da paupérrima exibição em Dublin, na quinta-feira, onde Fernando Santos fez muitas poupanças a pensar na final de ontem, a equipa lusa entrou, como se esperava, com muitas alterações, mantendo-se apenas Rui Patrício, Danilo, que jogou a médio defensivo, e o capitão Cristiano Ronaldo.
A defesa apresentada no Estádio da Luz, em Lisboa, foi completamente nova, com João Cancelo, Rúben Dias, José Fonte – em detrimento de Pepe, expulso em Dublin – e Nuno Mendes, ausente na quinta-feira, devido a castigo.
No meio-campo, verificaram-se as maiores surpresas, com a inclusão de Renato Sanches, para cumprir apenas a segunda titularidade na qualificação, e a ausência de Bruno Fernandes, muito desinspirado na capital irlandesa, que tinha começado de início em cinco.
Manter Danilo entre os titulares, após ter cumprido os 90 minutos no último jogo, embora a central, não deixou de surpreender, tendo em conta que Palhinha parecia, finalmente, ser o dono indiscutível da zona mais recuada do meio-campo. Recuperado dos problemas físicos, Bernardo Silva foi a jogo para fazer companhia ao capitão Ronaldo e a Diogo Jota, outra natural inclusão no onze.
No lado sérvio, o seleccionador Dragan Stojkovic surpreendeu também ao não apostar de início em Aleksandar Mitrovic, que contabiliza, agora, oito golos em outros tantos encontros nesta fase de qualificação, sendo que, na presente época, já leva 20 golos pelos ingleses do Fulham, treinados por Marco Silva.
Portugal não podia ter desejado melhor início de partida, perante um Estádio da Luz, praticamente, repleto de espetadores, com o golo a surgir quando ainda não estavam decorridos dois minutos, muito por culpa do facilitismo de Gudelj.
O antigo médio do Sporting parecia ter a bola controlada na zona recuada do meio-campo, mas, perante a pressão de Bernardo Silva, caiu no relvado e o jogador do Manchester City isolou Renato Sanches, para este bater facilmente Rajkovic e voltar a marcar pela seleção ‘AA’, um ano depois do último tento.
A missão dos sérvios ficava, assim, ainda mais complicada, uma vez que tinham de marcar dois golos e não sofrer mais nenhum, com a resposta a acontecer pelos pés de Vlahovic, que só não restabeleceu o empate, porque o poste salvou a equipa portuguesa, aos 11 minutos.
O golo conseguido por demérito do adversário, e o conforto no resultado, fez com que os lusos entregassem a iniciativa do jogo, cerrando fileiras e impedindo a normal projecção dos laterais Cancelo e Mendes, que ainda contaram com Bernardo e Jota na preciosa cobertura.
O tento justo do empate avizinhava-se e, se os sérvios deram de bandeja o golo inaugural, Rui Patrício não quis ficar atrás e disse presente, quando Dusan Tadic disparou forte à entrada área, levando a bola, depois de desviar em Danilo, a passar por baixo do corpo do guardião da Roma, aos 33 minutos.
O capitão Ronaldo, sem boas memórias da Sérvia, face ao tento não validado na primeira volta, em Belgrado (2-2), esteve discreto no primeiro tempo, conseguindo apenas um remate tenso para defesa apertada do guarda-redes e um livre directo por cima da barra.
Fernando Santos mostrava-se preocupado com as dificuldades apresentadas na recuperação defensiva, assim como a falta de capacidade para ganhar as segundas bolas, que permitissem contra-atacar e ferir o oponente.
Para o segundo tempo, Dragan Stojkovic retirou de campo Gudelj e meteu Mitrovic para tentar ferir a barreira lusa e obter a qualificação directa para o Qatar, sendo que, pouco ou nada se alterou a nível de oportunidades, com a Sérvia a controlar e a impor-se no meio-campo da equipa das quinas, que já só ansiava por uma transição para terminar com as esperanças dos visitantes.
A meia hora do apito final, o seleccionador português, que sempre se mostrou fiel ao seu esquema predileto 4x3x3, lançou Palhinha e Bruno Fernandes, recuando Danilo para o eixo defensivo, entre Fonte e Rúben Dias. Mais preocupado em ficar-se pelo empate, tal como havia acontecido em Dublin, Portugal estava a cada vez mais a jeito de sofrer e de comprometer o apuramento.
Já com o benfiquista Radonjic em campo – o portista Grujic não saiu do banco -, o tento da reviravolta só não chegou, à passagem do minuto 83 porque Mitrovic tirou mal as medidas à baliza, cabeceando muito perto do poste.
O avançado do Fulham falhou à primeira, mas não deu hipóteses na segunda chance, em cima do minuto 90. Dusan Tadic, com um cruzamento sublime, descobriu Mitrovic, que completamente livre de marcação, cabeceou para o fundo das redes e colocou a equipa balcânica no Qatar.
Portugal vai jogar os ‘play-offs’ como cabeça de série
A selecção portuguesa de futebol vai ser cabeça de série no sorteio dos ‘play-offs’ europeus de apuramento para o Mundial2022, depois de ter fechado o Grupo A no segundo lugar, após derrota caseira com a Sérvia (1-2). Com os 17 pontos somados, o conjunto das quinas já sabe que vai partilhar esse estatuto com a Rússia, segunda classificada do Grupo H, com 22 pontos – 16 nas contas dos segundos colocados, que não incluem os resultados com os sextos. Além de Portugal e da Rússia, já há mais seis selecções garantidas nos ‘play-offs’, sendo que duas delas já estão certas na rota lusa, mais precisamente a Áustria, qualificada via Liga das Nações, e a Macedónia do Norte, segunda do Grupo J. Estas duas formações estão certas no Pote 2, enquanto República Checa e País de Gales, uma pelo segundo posto do Grupo E e a outra via Liga das Nações, Escócia, segunda do Grupo F, e Suécia, segunda do Grupo B, tanto podem cair nos potes 1 como no 2. Depois da ronda de ontem, ainda há quatro vagas em aberto nos ‘play-offs’, que serão preenchidas por Itália ou Suíça (Grupo C), Finlândia ou Ucrânia (D), Países Baixos, Turquia ou Noruega (G) e Inglaterra ou Polónia (I). No sorteio dos ‘play-offs’, marcado para 26 de Novembro, as selecções vão ser divididas em três caminhos, e em cada qual serão jogadas meias-finais e final, com o vencedor de cada um a qualificar-se para a fase final: três, de 12 selecções. Nas meias-finais, em 24 e 25 de Março de 2022, os cabeças de séries vão jogar em casa numa eliminatória a um só jogo e, nas finais, também em jogo único, em 28 e 29 de Março, o anfitrião será sorteado.
Ronaldo reconhece resultado “duro”, mas sabe o caminho “sem desculpas”
O avançado Cristiano Ronaldo admitiu a dureza da derrota na recepção à Sérvia, por 2-1, que relegou a seleção portuguesa de futebol para os ‘play-offs’ de qualificação para o Mundial2022, assumindo a responsabilidade de “lá chegar”. “O futebol já nos mostrou vezes sem conta que, por vezes, são os caminhos mais sinuosos que nos levam aos desfechos mais desejados. O resultado de ontem [no domingo] foi duro, mas não o suficiente para nos abater. O objetivo de marcar presença no Mundial2022 continua bem vivo e sabemos o que temos de fazer para lá chegar. Sem desculpas. Portugal rumo ao Qatar”, escreveu o capitão da selecção portuguesa, na sua página oficial no Instagram.