Organizações ecologistas consideraram ontem “demasiado pobre” e “fraco em compromissos firmes e concretos”, para atingir as metas do Acordo de Paris, o compromisso alcançado na cimeira COP26 de Glasgow, no Reino Unido. A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP26) adoptou formalmente a declaração final, com uma alteração de última hora proposta pela Índia, que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.
Para a associação ambientalista Amigos da Terra, a COP26 foi a cimeira “mais excluidora da História”, tendo a responsável Cristina Alonso, assinalado uma “falta de ambição no acordo”, que irá conduzir a “um aumento da temperatura global muito superior ao que a ciência determina, e ao que a sociedade civil de todo o mundo reclama”. “Estamos a ficar sem tempo para actuar”, alertou.
David Howell, da SEO/BirdLife, assinalou, no encontro, que, globalmente, o resultado da cimeira é “totalmente insuficiente” porque, apesar de figurarem no acordo o abandono dos combustíveis fósseis e os subsídios associados, “ficou expresso em termos demasiado tímidos para impulsionar a transformação colossal necessária”. Na opinião do ambientalista, o limite de aquecimento global de 1,5 graus “está ainda longe”, e este ano deram-se “passos modestos”, quando “deveriam ter sido dados passos de gigante”, pelo que nos próximos anos “terão de ser dados passos muito maiores e com custos mais elevados”. Howell criticou ainda os “atrasos no financiamento” dos países mais vulneráveis perante a emergência climática, com a vida e o sustento de milhões de pessoas “em grave risco permanente”.
Por seu turno, a associação ambientalista Greenpeace advertiu que a decisão saída da COP26 “é débil”, e criticou o facto de a Índia ter introduzido, no último momento, uma modificação em que se fala de “redução progressiva”, em vez da eliminação do carvão.