Um grupo de 22 países em desenvolvimento que inclui China e Índia exigiu que um capítulo sobre mitigação das alterações climáticas seja removido do texto final da COP26 por considerar que está a ser imposto pelos países ricos. Numa conferência de imprensa do grupo Like-Minded Developing Countries (LMDC), o chefe de delegação da Bolívia, Diego Pacheco, disse que um rascunho de texto final publicado na quarta-feira tem uma abordagem demasiado centrada na mitigação, que prevê medidas como redução de emissões, introdução de energias renováveis ou florestação para reduzir o impacto das alterações climáticas.
“Eles estão a tentar impor novas regras ao mundo em desenvolvimento, estão a tentar impor a regra da neutralidade carbónica até 2050 para todos os países do mundo”, queixou-se o representante da Bolívia na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26). Segundo o diplomata boliviano, este “colonialismo carbónico” pretende colocar todos os países no mesmo patamar e não tem em conta as responsabilidades históricas dos países desenvolvidos nas emissões de gases com efeito de estufa que resultaram na crise climática. “Se aceitarmos a meta da neutralidade carbónica até 2050 para todos os países do mundo, o mundo em desenvolvimento ficará encurralado porque só os países desenvolvidos terão a capacidade financeira e as condições tecnológicas para atingir esse objectivo”, afirmou.
O grupo LMDC, disse, está a tentar “por algum equilíbrio nesta discussão” e tentar “operacionalizar a justiça climática”, insistindo nas obrigações dos países mais ricos no financiamento dos países em desenvolvimento para resolverem as questões do clima.