Estava prevista uma inauguração com a devida pompa e circunstância, mas por causa dos casos de Covid-19 que têm surgido no território nos últimos dias, a mais recente exposição do fotógrafo Ieong Man Pan abrirá portas no Taipa Village Art Space, sem qualquer celebração, hoje, ficando patente até ao final do mês.
Intitulada “Morte e Renascimento – Novas Obras Fotográficas de Ieong Man Pan”, a mostra revela uma colecção fotográfica contemplativa com foco em momentos transitórios pouco notados, conforme explica a nota de imprensa enviada às redacções.
“É uma honra convidar Ieong a apresentar a sua fotografia artística única na vila da Taipa”, começou por dizer João Ó, presidente da Taipa Village Cultural Association. “Os trabalhos meticulosos de Ieong eliminam as distrações urbanas e provocam introspecção entre os espectadores, pois reflecte o seu próprio reflexo de fora. Cada ângulo é uma visão persistente e omnipresente dos detalhes idiossincráticos da realidade”, notou, citado pela mesma nota de imprensa.
O artista é conhecido por captar momentos transitórios tipicamente esquecidos no dia-a-dia. Como ponto de partida para este trabalho, Ieong Man Pan relembra algumas das suas experiências pessoais na busca de uma maneira de redefinir o seu olho fotográfico e encontrar uma razão para continuar a perseguir sua paixão. “Testemunhei pessoalmente alguém a ser atingido por um raio. Ao meio-dia, durante uma trovoada, estava a caminho da escola quando de repente houve um estrondo e a rapariga à minha frente desmaiou no meio da chuva com faíscas e fumo. Depois dessa experiência, tive sempre medo quando ouvia trovões e este medo durou muitos anos. Contudo, com o meu interesse pela psicologia e a minha compreensão da constituição humana, tudo mudou e optei por não me esconder, por não fugir. Depois, tirei a fotografia do relâmpago”, referiu, em sentido metafórico, ao PONTO FINAL o autor, em jeito de exemplo do que se pode esperar com a nova exposição do seu trabalho.
Focado em momentos fugazes normalmente despercebidos de um olho destreinado, o enquadramento misterioso do assunto amplia o significado de estar presente, estando situado exclusivamente em um momento específico e em um determinado tempo e lugar. “A complacência é apenas o ponto de partida. Na vida, estamos sempre no meio dos nossos próprios bons e maus momentos, ou seja, qualquer momento pode ser o limite. E podemos levar as coisas até esse limite ou simplesmente substituí-las por novas situações, por uma mudança. Ou podemos ainda chegar a um ponto crítico e recuar. Portanto, nunca nada é deixado ao acaso”, referiu ainda Ieong Man Pan ao PONTO FINAL.
Nascido em Macau em 1985, Ieong Man Pan é um artista freelancer que fundou o 1844 Macau Photography Art Space, um estúdio de fotografia comercial dedicado à exibição de arte fotográfica local. Em 2008, formou-se em publicidade na Jinan University China, tendo, em seguida, em 2012, feito um mestrado em arte na Chongqing University, no qual se especializou em pesquisa em arte fotográfica. Como reconhecimento do seu trabalho, Ieong viu as suas obras expostas no Museu de Arte de Macau, no Albergue SCM, na Casa Garden da Fundação Oriente, no Beijing Poly e em colecções de coleccionadores privados na China e no estrangeiro.