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      A ‘Morfose Latente’ de um Macau de antigamente

      O Centro Cultural de Macau reabre portas com um espectáculo de dança baseado em memórias colectivas de um Macau antigo, sem casinos e luzes da ribalta. O projecto, que tem como coreógrafo o criador local Keith Lao, apoiado pelo coreógrafo de Pequim Sang JiJia, procura retratar a cidade em três dimensões, reconstruindo-a em diversas formas.

      O Centro Cultural de Macau (CCM) reabre finalmente ao público depois do mais recente surto pandémico. Com o espectáculo ‘Morfose Latente’, na sexta-feira e no sábado, o pequeno auditório de CCM pretende apresentar uma peça de dança ‘avant-garde’ pelo coreógrafo local Keith Lao.

      O projecto de dança tem uma troupe constituída por um vibrante grupo de bailarinos locais e de Cantão que vão estrear a visão de Macau de Keith Lao, retratando a cidade em três dimensões, reinventando-a em diferentes formas. Expondo elementos urbanos provindos de memórias colectivas, esta fantasia coreográfica funde a estética do movimento humano com a ajuda da tecnologia.

      O coreógrafo, que aponta ter-se rodeado por uma equipa criativa que inclui o artista de som de Hong Kong Dickson Dee, que concebeu a música, e O Chi Wai, que se encarrega do conceito da imagem como ‘designer visual’ para o espectáculo. “Nesta performance planeamos utilizar o corpo como meio para atingir um fim, e vamos usar algumas artes visuais, alguns gráficos e alguns vídeos para tentar combinar diferentes elementos no cenário do palco e isto será também a grande surpresa para o público”, começa por explicar ao PONTO FINAL o jovem coreógrafo Keith Lao.

      Em relação à mensagem que quis transmitir ao público, Lao explica que no início planeou uma ideia principal sobre a cidade, as pessoas, e fez um esboço das memórias que conjuntamente a equipa tinha sobre Macau. “Tentei fazer uma proposta para combinar estas ideias mas nessa altura deparei-me que já havia tantas actuações a falar sobre este tópico, e então optei por mudar um pouco a ideia original, os meus ângulo, e melhorei um pouco o conceito. Assim, nesta actuação, vou concentrar-me principalmente nos bailarinos e nas minhas histórias e memórias sobre Macau”, revelou em jeito de antevisão.

      Keith Lao salienta que o espectáculo, apesar de ser acerca de Macau, não é sobre o Macau moderno, dos casinos, mas sim de um Macau das nossas memórias. “No meu caso, que emigrei para Macau quando tinha cerca de dez ou onze anos, tenho como a minha primeira imagem o espaço muito estreito entre os edifícios, os cheiros ou o sentimento sobre este espaço estreito, por isso, penso que tentarei usar um ângulo diferente para falar sobre estas ideias, sobre a nossa cidade e as pessoas e as memórias”, assinala.

      “Falando sobre a questão do espaço, para mim, eu vejo o nosso corpo tal como um museu, por isso, neste espectáculo, transfiro-me para o papel de um curador em vez de um coreógrafo, tal como se estivesse num museu, convidando os dançarinos, os figurinistas e os designers de iluminação a fornecer uma peça ou uma obra usando sempre os olhos do curador para fornecer todos estes elementos”, reitera o artista.

      Em relação ao processo de trabalho, tanto Keith Lao como Sang JiJia expressam que foi uma experiência muito interessante devido a vários factores. “Como freelancer, a trabalhar para um projecto tao importante, ainda mais sendo a minha primeira grande produção, sem estar muito familiarizado com os bailarinos, de termos todas as restrições de viagem devido à epidemia, foi muito complicado. Cresci muito na minha direcção artística porque tive de lidar com muito mais coisas do que deveria num contexto normal. Houve tantos conflitos em todos os níveis possíveis”, conclui.

      ‘Morfose Latente’ sobe ao palco esta sexta-feira e sábado, às 19h45, no Pequeno Auditório do Centro Cultural, e ainda há bilhetes disponíveis.