Macau recebeu ontem o primeiro lote de diamantes em bruto certificados pelo processo Kimberley, dando início ao comércio deste tipo de pedras preciosas com o qual espera reforçar as relações sino-lusófonas. Este regime de certificação, que atesta a origem destas pedras preciosas e é fundamental para que as regiões produtoras, como os países de língua portuguesa, possam exportar diamantes em bruto para Macau, entrou em vigor a 1 de Outubro.
O primeiro lote a chegar a Macau, proveniente da Rússia e com mais de 600 quilates, foi importado por um conglomerado privado de Hong Kong, que vê na RAEM uma plataforma vantajosa para o negócio. A ideia foi expressa pelo director de operações da empresa, Kent Wong, em declarações aos jornalistas. “Os países de língua portuguesa possuem diamantes (…) e a China é o segundo maior consumidor do mundo. Podemos aproveitar Macau como plataforma [sino-lusófona], pela cultura e pela língua, e o custo de importação até pode baixar”, afirmou.
Outra vantagem é a distância entre Macau e algumas fábricas no interior da China, apontou o responsável da empresa sediada em Hong Kong. Questionado sobre a turbulência em Hong Kong, o responsável negou que esta afecte o negócio, que descreveu como “muito estável”.
Actualmente, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) de Macau já emitiu licença de operação para actividades relativas a diamantes em bruto a oito empresas. O processo de certificação Kimberley consiste num sistema de supervisão e controlo do comércio de importação e exportação de diamantes em bruto, elaborado em cumprimento de uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, datada de 2003 e que integra actualmente 82 países.
O sistema procura evitar a transação dos chamados “diamantes de sangue”, pedras preciosas oriundas de áreas de conflito. Macau aplicou o processo, numa altura em que o Governo tem apostado na diversificação da economia, muito dependente do jogo.